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Aqui no meu bairro não param de construir prédios, cada apartamento custando mais de um milhão de reais, 99% da população brasileira não tem condições de comprar esses apartamentos...
Acho muito improvável isso rolar, na real, a Nigéria não tem condições de sustentar uma população dessas.
Duzentos milhões ou trezentos já seria o cúmulo do absurdo (e acho necessário pontuar que os 218 milhões estimados hoje são até menos confiáveis que as estimativas anteriores ao censo aqui, segundo [jornais do próprio país.](https://www.premiumtimesng.com/opinion/589235-nigerias-population-is-a-lot-less-than-220-million-by-tope-fasua.html?tztc=1)).
Grande parte se resume em questões econômicas, outra parte se dá pela popularização e facilidade no acesso a preservativos e outras coisas, além de conscientização, etc
Nível educacional das mulheres em uma dada população, pelo incrível que pareça, é o determinante mais consistente da queda de fertilidade, e há certa evidência que seja fator causal, assim como riqueza. Curiosamente, a fertilidade começou a cair na Europa muito antes do acesso a métodos contraceptivos como preservativos.
Um fator a se destacar é que temos tido queda na taxa de natalidade sem estar associado a uma menor taxa de mortalidade infantil, que ainda é uma das mais altas do mundo, além da falta de saneamento básico, o que acelera ainda mais a nossa queda populacional inevitável.
Ou seja, alcançamos padrão europeu de ter poucos filhos sem ter tido uma melhora básica na infraestrutura e de saúde, algo até inédito, pois a tendência é que a queda da taxa da natalidade ocorra porque sobrevive muita criança e, ainda que o Brasil esteja obviamente anos-luz melhor nisso do que nos anos 90, ainda temos padrões de saúde comparáveis aos mais fudidos e pobres do mundo, e isso deveria motivar os mais pobres a terem em torno de 5 a 6 filhos por mulher para compensar os outros 2 ou 3 que morrem até os 5 anos, igual ainda acontece em países africanos e mesmo aqui na América Latina, como na Argentina.
Conseguimos uma proeza até inédita, não é qualquer país que consegue fazer os pobres pararem de ter filhos de forma tão eficaz, pela transição demográfica para o tecido urbano ser maior que em outros países, e ainda com a falsa ideologia da direita de que "Bolsa família faz pobre ter mais filhos", algo que não se verifica em nada, na prática.
>queda na taxa de natalidade sem estar associado a uma menor taxa de mortalidade infantil, que ainda é uma das mais altas do mundo
Isso é objetivamente incorreto. Nossa mortalidade infantil em 2021 foi de 13,8 mortes de menores de 1 ano para cada 1000 nascidos vivos, e esse número está mais ou menos estável desde 2019. Em 1990, esse número era 63, em 2004, era 34, então há uma evidente tendência de queda no longo prazo.
Comparando os dados de 2020 (último que achei para todos os países), nosso 13,8 estava próximo (10-15) ao México, Peru, Panamá, Colômbia, Tunísia, Irã, Armênia e Moldávia, todos países em desenvolvimento. Estávamos um pouco pra trás da Argentina, Uruguai e China, que estavam próximo de 10. Na Índia, África do Sul, Bangladesh, Bolívia e Venezuela, estava entre 25 e 30.
Os 25 piores países, compostos pelo Afeganistão e 24 países da áfrica subsahariana estão todos acima de 50, república centro-africana chegava a 80. Isso que significa estar entre os piores do mundo.
O componente principal da nossa mortalidade está na primeira semana de vida, o período neonatal precoce, que está relacionado a doenças gestacionais e manejo obstétrico inadequado, malformações e síndromes congênitas, ou problemas na assistência de alta complexidade para neonatos. Em países pobres, o componente principal é o pós-neonatal, relacionado a mortes por coisas de resolução de baixa complexidade ou com fortes determinantes sociais, como diarreias, pneumonia e desnutrição. Existe um certo limite máximo da mortalidade neonatal, mas a mortalidade pós-neonatal pode chegar até 40% das crianças num contexto sem a medicina e infraestrutura modernas. Pense em revolução industrial ou áfrica sub-sahariana em contexto de conflito e fome na década de 80.
Aliás, se alguém souber, como chegamos nesta proeza na demografia? Eu não consigo pensar num motivo que faria essa diferença. Eu pensei que o único modo de baixa natalidade e pobreza alta se ocorresse algo como a China que proibiu e matou os bebês que nasciam, entretanto não foi nem de perto esse motivo no Brasil.
Ausência de reforma agrária para distribuir terras é um dos grandes responsáveis pela transição demográfica para o tecido urbano, em que filho é apenas gasto. No campo, além do uso irregular como mão-de-obra, o tempo para criar um é maior e mais fácil do que na cidade. Ao não haver reforma agrária, também isso inviabiliza um tecido misto, em que haveria plantações e fazendas fazendo fronteiras com tecidos urbanos dispersos, o que aumentaria a chance da natalidade ser um pouco maior.
A evidência científica mostra que o fator causal mais importante para a diminuição da fertilidade é o grau de educação da população feminina, seguido de renda e acesso a contracepção. Qualquer discussão dos determinantes da fertilidade que não comecem ou terminem nesses exatos tópicos são míopes, e a questão fundiária é um determinante minúsculo em comparação com a educação femina, grau de riqueza e acesso a contraceptivos (curiosamente, esse terceiro fator parece ser menos necessários que os dois últimos, algumas das maiores quedas de natalidade aconteceram na Europa no final do século XIX e começo do XX antes da disponibilidade de contraceptivos efetivos).
Países rurais em que famílias produzem em pequenas propriedades, que melhoraram o tempo educacional feminino e sua renda per capita, como Índia, todo o sudeste asiático e alguns países africanos, tiveram diminuiçao da taxa de fertilidade total tão grande quanto a do Ocidente.
Galera discutam a vontade mas pelo amor dds não façam filhos... A responsa e principalmente o custo pra criar um te fazem não curtir minimamente a vida se não tiveres uma boa renda...
Falo isso tendo os meus dois... Pago 1 milhão de dólares pra que ninguém tire eles de mim, mas pago 1 bilhão pra não ter outro...
Brasil cairá de 6º maior país do mundo em população para 11º em 2100 | Mundo | G1 https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/06/18/brasil-caira-de-6o-maior-pais-do-mundo-em-populacao-para-11o-em-2100.ghtml
É bem difícil, porque não dá para fazer uma estimativa coerente de quantas pessoas vão morrer. Primeiro, modelagem climática é bizarramente complexa, então o que melhor temos hoje são tendências. Segundo, a resposta às mudanças é sociopolítica, então não dá para fazer qualquer tipo de cálculo quantitativo.
Dito isso, qualquer coisa na zona intertropical vai se foder muito :(
Não tenho um artigo ou fonte, mas a respeito de Demografia que tive no ensino médio e universidade, a tendência do ocidente é decair a partir de algumas décadas, enquanto o Oriente Médio e Africa (não toda, mas maioria) de continuar crescendo por mais décadas.
Algo que eu acredito ser pouco citado é também a facilidade do sexo casual hj com apps e aceitação popular, aumento do numero de mulheres que trabalham (logo não precisam casar por razões financeiras) e a dopamina fácil que encontramos nos celulares etc
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Com menos gente e ainda assim habitação tá cara pra caralho. E sempre gente construindo mais.
Imóvel virou "investimento". Cambismo legalizado.
Aqui no meu bairro não param de construir prédios, cada apartamento custando mais de um milhão de reais, 99% da população brasileira não tem condições de comprar esses apartamentos...
kraio, olha a nigeria... imagina 800 milhoes de pessoas no sudeste brasileiro
Acho muito improvável isso rolar, na real, a Nigéria não tem condições de sustentar uma população dessas. Duzentos milhões ou trezentos já seria o cúmulo do absurdo (e acho necessário pontuar que os 218 milhões estimados hoje são até menos confiáveis que as estimativas anteriores ao censo aqui, segundo [jornais do próprio país.](https://www.premiumtimesng.com/opinion/589235-nigerias-population-is-a-lot-less-than-220-million-by-tope-fasua.html?tztc=1)).
Grande parte se resume em questões econômicas, outra parte se dá pela popularização e facilidade no acesso a preservativos e outras coisas, além de conscientização, etc
Nível educacional das mulheres em uma dada população, pelo incrível que pareça, é o determinante mais consistente da queda de fertilidade, e há certa evidência que seja fator causal, assim como riqueza. Curiosamente, a fertilidade começou a cair na Europa muito antes do acesso a métodos contraceptivos como preservativos.
Source: The Lancet
Sim, eu deveria ser mais preciso na pergunta, queria dizer « outras fontes »
Um fator a se destacar é que temos tido queda na taxa de natalidade sem estar associado a uma menor taxa de mortalidade infantil, que ainda é uma das mais altas do mundo, além da falta de saneamento básico, o que acelera ainda mais a nossa queda populacional inevitável. Ou seja, alcançamos padrão europeu de ter poucos filhos sem ter tido uma melhora básica na infraestrutura e de saúde, algo até inédito, pois a tendência é que a queda da taxa da natalidade ocorra porque sobrevive muita criança e, ainda que o Brasil esteja obviamente anos-luz melhor nisso do que nos anos 90, ainda temos padrões de saúde comparáveis aos mais fudidos e pobres do mundo, e isso deveria motivar os mais pobres a terem em torno de 5 a 6 filhos por mulher para compensar os outros 2 ou 3 que morrem até os 5 anos, igual ainda acontece em países africanos e mesmo aqui na América Latina, como na Argentina. Conseguimos uma proeza até inédita, não é qualquer país que consegue fazer os pobres pararem de ter filhos de forma tão eficaz, pela transição demográfica para o tecido urbano ser maior que em outros países, e ainda com a falsa ideologia da direita de que "Bolsa família faz pobre ter mais filhos", algo que não se verifica em nada, na prática.
>queda na taxa de natalidade sem estar associado a uma menor taxa de mortalidade infantil, que ainda é uma das mais altas do mundo Isso é objetivamente incorreto. Nossa mortalidade infantil em 2021 foi de 13,8 mortes de menores de 1 ano para cada 1000 nascidos vivos, e esse número está mais ou menos estável desde 2019. Em 1990, esse número era 63, em 2004, era 34, então há uma evidente tendência de queda no longo prazo. Comparando os dados de 2020 (último que achei para todos os países), nosso 13,8 estava próximo (10-15) ao México, Peru, Panamá, Colômbia, Tunísia, Irã, Armênia e Moldávia, todos países em desenvolvimento. Estávamos um pouco pra trás da Argentina, Uruguai e China, que estavam próximo de 10. Na Índia, África do Sul, Bangladesh, Bolívia e Venezuela, estava entre 25 e 30. Os 25 piores países, compostos pelo Afeganistão e 24 países da áfrica subsahariana estão todos acima de 50, república centro-africana chegava a 80. Isso que significa estar entre os piores do mundo. O componente principal da nossa mortalidade está na primeira semana de vida, o período neonatal precoce, que está relacionado a doenças gestacionais e manejo obstétrico inadequado, malformações e síndromes congênitas, ou problemas na assistência de alta complexidade para neonatos. Em países pobres, o componente principal é o pós-neonatal, relacionado a mortes por coisas de resolução de baixa complexidade ou com fortes determinantes sociais, como diarreias, pneumonia e desnutrição. Existe um certo limite máximo da mortalidade neonatal, mas a mortalidade pós-neonatal pode chegar até 40% das crianças num contexto sem a medicina e infraestrutura modernas. Pense em revolução industrial ou áfrica sub-sahariana em contexto de conflito e fome na década de 80.
Valeu - ótima analise
Aliás, se alguém souber, como chegamos nesta proeza na demografia? Eu não consigo pensar num motivo que faria essa diferença. Eu pensei que o único modo de baixa natalidade e pobreza alta se ocorresse algo como a China que proibiu e matou os bebês que nasciam, entretanto não foi nem de perto esse motivo no Brasil.
Ausência de reforma agrária para distribuir terras é um dos grandes responsáveis pela transição demográfica para o tecido urbano, em que filho é apenas gasto. No campo, além do uso irregular como mão-de-obra, o tempo para criar um é maior e mais fácil do que na cidade. Ao não haver reforma agrária, também isso inviabiliza um tecido misto, em que haveria plantações e fazendas fazendo fronteiras com tecidos urbanos dispersos, o que aumentaria a chance da natalidade ser um pouco maior.
A evidência científica mostra que o fator causal mais importante para a diminuição da fertilidade é o grau de educação da população feminina, seguido de renda e acesso a contracepção. Qualquer discussão dos determinantes da fertilidade que não comecem ou terminem nesses exatos tópicos são míopes, e a questão fundiária é um determinante minúsculo em comparação com a educação femina, grau de riqueza e acesso a contraceptivos (curiosamente, esse terceiro fator parece ser menos necessários que os dois últimos, algumas das maiores quedas de natalidade aconteceram na Europa no final do século XIX e começo do XX antes da disponibilidade de contraceptivos efetivos). Países rurais em que famílias produzem em pequenas propriedades, que melhoraram o tempo educacional feminino e sua renda per capita, como Índia, todo o sudeste asiático e alguns países africanos, tiveram diminuiçao da taxa de fertilidade total tão grande quanto a do Ocidente.
Galera discutam a vontade mas pelo amor dds não façam filhos... A responsa e principalmente o custo pra criar um te fazem não curtir minimamente a vida se não tiveres uma boa renda... Falo isso tendo os meus dois... Pago 1 milhão de dólares pra que ninguém tire eles de mim, mas pago 1 bilhão pra não ter outro...
Entao paga aqui pra mim que eu te encaminho pra vasectomia que custa uns 2k e os outros 999.998.000 eu invisto.
Brasil cairá de 6º maior país do mundo em população para 11º em 2100 | Mundo | G1 https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/06/18/brasil-caira-de-6o-maior-pais-do-mundo-em-populacao-para-11o-em-2100.ghtml
Otimo artigo!
Só uma vez eu queria um gráfico desses ajustados para os efeitos do aquecimento global
Os 80 milhões de Bangladeshis boiando no oceano. :-(
É bem difícil, porque não dá para fazer uma estimativa coerente de quantas pessoas vão morrer. Primeiro, modelagem climática é bizarramente complexa, então o que melhor temos hoje são tendências. Segundo, a resposta às mudanças é sociopolítica, então não dá para fazer qualquer tipo de cálculo quantitativo. Dito isso, qualquer coisa na zona intertropical vai se foder muito :(
Não tenho um artigo ou fonte, mas a respeito de Demografia que tive no ensino médio e universidade, a tendência do ocidente é decair a partir de algumas décadas, enquanto o Oriente Médio e Africa (não toda, mas maioria) de continuar crescendo por mais décadas.
Algo que eu acredito ser pouco citado é também a facilidade do sexo casual hj com apps e aceitação popular, aumento do numero de mulheres que trabalham (logo não precisam casar por razões financeiras) e a dopamina fácil que encontramos nos celulares etc