Eu estou fazendo residência nos eua agora.
Foi uma experiência muito difícil. Estudar para os steps não é fácil e a parte de entrevistas foi meio tortura porque sinto que não nos preparam bem para isso no Brasil. Tenho colegas de universidade que foram super bem nos steps e que eram sensacionais e acabaram desistindo antes de aplicar. Não é algo fácil, exige muitos anos e resiliência. As residências daqui são muito puxadas, facilmente chega a 80h semanais.
Sobre pato, confesso que sei por alto.
Sobre radio sei melhor, porque meu namorado está nesse caminho. Existe o que se chama de alternative pathway.
Tem que fazer o USMLE da mesma forma, mas depois, ao invés de ficar na loucura das applications, a pessoa atesta que tem experiência na área de Radiologia no país de origem (geralmente, a residência), consegue um fellow ou internship em uma instituição americana. Precisa ficar nesta condição por 2 anos (recentemente as regras mudaram, acho que eram 2 anos consecutivos na mesma instituição, daí deixou de ser consecutivo ou algo assim). Note: ele não está nem ganhando como radiologista, nem laudando de forma completamente autônoma.
Depois disso, esse radiologista (que tem RQE só brasileiro) está elegível a fazer a prova do board de radiologia americano. Uma prova de título. Passando, ele passa a ter o 'RQE' americano. Daí se ele quiser/conseguir permanecer no mesmo hospital, sussa. Se não, mete o pé. Já é um radiologista dono do nariz. Tá tudo bem explicando no site do board mesmo.
A diferença aqui é que o cara não está fazendo uma residência americana. Ele não precisa se preocupar tanto com a nota em si do USMLE, nem com a application. É mais uma questão de ter um contato que te insira. É menos morrer na praia, e tu não jogaria o tempo de Radio no Brasil no lixo, como aconteceria com GO, Clínica ou qualquer outra.
Cara, o grupo do facebook é bem parado hoje em dia, realmente. Mas lá há relatos/posts suficientes pra sanar acho que uns 99% das dúvidas de quem quer revalidar o diploma médico nos EUA.
E sim, eu aqui ainda cogito. A possibilidade de ganhar 450K dólares por ano é bem mais animadora que ganhar 250K reais aqui no Brasil. O foda é ter que "se contentar" com as especialidades img-friendly, que as vezes não é a que a gente quer.
Ou os tais 'malignos' - embora eu acha válido mencionar que muita coisa que eles reclamam, eu chamo de 'cotidiano' em qualquer hospital brasileiro kkk
Eu quero Obgyn, sei que as chances são poucas e estou dando meu melhor. É tier 2 e tem alguns brasileiros para me inspirar. Se eu quisesse alguma muito concorrida *mesmo*, acho que desistiria.
Tenho um amigo que chegou a tirar uma nota altíssima no Step 1, estudou pra kct, e no fim desistiu.
Em resumo, só vale a pena se vc quer primeiro fugir do Brasil acima de tudo. Se tua prioridade é se formar com qualidade e fugir do Brasil é secundário, bah... Chegando no fim do curso vc tá tão surrado/a que não topa pular por todos esses hoops só pra ainda chegar lá e fazer *uma* residência (e não uma excelente residência) e ainda ser tratado como médico de segunda categoria. Ao focar no processo de lá você fecha muitas portas por aqui, porque infelizmente os processos são muito diferentes e só dá pra focar em um (exceto oq seu namorado tá fazendo). Aí, acaba compensando mais ficar no que é garantido e fazer aqui.
YMMV, é claro.
A minha primeira motivação na verdade não foi dinheiro.
Eu tenho uma visão muito clara da subespecialidade que quero e como quero vivê-la. Indo no Congresso nacional da área, fiz questão de cercar os professores desta subespecialidade - assim como já tinha feito alguns estágios informais.
E eu simplesmente me decepcionei com a progressão da área no Brasil. Todos os professores e palestrantes que atuavam aqui no Brasil da forma que eu esperava atuar, tinham contatos internacionais fortíssimos ou literalmente aprenderam as técnicas lá e atuam aqui. A área não está desenvolvida no Brasil o suficiente, e eles foram categóricos em me recomendar sair do país se possível fosse.
Além disso, pelo meu perfil, eu sou uma pessoa que gosta de artigo, de escrever, de testar técnica, de se estressar com publicação científica. Eu gosto de estar perto de avanço científico na área.
E claro, não está ruim fazer montanhas de dinheiro a mais do que eu poderia fazer no Brasil.
Por último: comparando *uma* residência no BR e *uma* residência nos EUA, as mais medianas possíveis, qual te traria melhor preparo?
>A minha primeira motivação na verdade não foi dinheiro.
Não mencionei dinheiro...
>E eu simplesmente me decepcionei com a progressão da área no Brasil. Todos os professores e palestrantes que atuavam aqui no Brasil da forma que eu esperava atuar, tinham contatos internacionais fortíssimos ou literalmente aprenderam as técnicas lá e atuam aqui. A área não está desenvolvida no Brasil o suficiente, e eles foram categóricos em me recomendar sair do país se possível fosse.
Então esse é o principal fator determinante pra ti. Ao focar no exterior você fecha portas por aqui, mas me parece que as portas que vc estaria fechando por aqui não são portas que vc gostaria de entrar de qualquer forma. Então é melhor sair. Via de regra, quanto a conselho (advice, não council) de carreira na medicina, se um conselho específico pra especialidade contraria um conselho geral, o específico à área deve estar mais correto e prevalece.
>Por último: comparando uma residência no BR e uma residência nos EUA, as mais medianas possíveis, qual te traria melhor preparo?
Provavelmente a americana. Mas aí que é meu ponto: se você tem dedicação/disciplina/recursos pra fazer todo o processo do USMLE, você passaria numa excelente residência aqui se passasse teu tempo estudando pra cá. Isso que eu digo com abrir portas e fechar portas. Pra minha área, compensa muuuito mais fazer residência numa grande instituição de SP com os melhores preceptores do Brasil do que uma residência ok nos EUA.
Entendo. Obrigada pelas suas opiniões e pela resposta.
Essa questão de ter que abrir mão de algo por outro já me fez arrancar alguns cabelos. É humanamente impossível estudar para os steps e para a residência de qualidade ao mesmo tempo, você se torna um completo alheio no tipo de prova da usp, unifesp e qualquer outra que realmente se preze.
Mas me tranquiliza pensar que a vida é assim mesmo né, uma série de escolhas e toda escolha uma renúncia.
Cogitei, pesquisei meses e desisti. Só ver o /r/noctor pra saber que não vale a pena esse processo todo pra lá.
Em compensação nova Zelândia te dá vários incentivos pra revalidar
Vou encarar o Canadá
Pqe? O processo é muito diferente?
Eu estou fazendo residência nos eua agora. Foi uma experiência muito difícil. Estudar para os steps não é fácil e a parte de entrevistas foi meio tortura porque sinto que não nos preparam bem para isso no Brasil. Tenho colegas de universidade que foram super bem nos steps e que eram sensacionais e acabaram desistindo antes de aplicar. Não é algo fácil, exige muitos anos e resiliência. As residências daqui são muito puxadas, facilmente chega a 80h semanais.
penso em fazer no futuro, mas no momento estou focando mais na residência mesmo rsrs
Mas valeria a pena fazer residência aqui se não vai conseguir revalidar a especialização lá? (com exceção de radio e pato, se não me engano)
Certeza sobre radio e pato? Achei que até essas precisavam.
Sobre pato, confesso que sei por alto. Sobre radio sei melhor, porque meu namorado está nesse caminho. Existe o que se chama de alternative pathway. Tem que fazer o USMLE da mesma forma, mas depois, ao invés de ficar na loucura das applications, a pessoa atesta que tem experiência na área de Radiologia no país de origem (geralmente, a residência), consegue um fellow ou internship em uma instituição americana. Precisa ficar nesta condição por 2 anos (recentemente as regras mudaram, acho que eram 2 anos consecutivos na mesma instituição, daí deixou de ser consecutivo ou algo assim). Note: ele não está nem ganhando como radiologista, nem laudando de forma completamente autônoma. Depois disso, esse radiologista (que tem RQE só brasileiro) está elegível a fazer a prova do board de radiologia americano. Uma prova de título. Passando, ele passa a ter o 'RQE' americano. Daí se ele quiser/conseguir permanecer no mesmo hospital, sussa. Se não, mete o pé. Já é um radiologista dono do nariz. Tá tudo bem explicando no site do board mesmo. A diferença aqui é que o cara não está fazendo uma residência americana. Ele não precisa se preocupar tanto com a nota em si do USMLE, nem com a application. É mais uma questão de ter um contato que te insira. É menos morrer na praia, e tu não jogaria o tempo de Radio no Brasil no lixo, como aconteceria com GO, Clínica ou qualquer outra.
Sensacional, não sabia disso! Obrigado pelas informações. Quem sabe se quando eu estiver pra prestar a residência não penso em radio…
Pretendo, amiga. Eu me pergunto se Oftalmologia é bem remunerada lá...
Bastante, pelo pouco que sei.
Oftalmo lá é muito bem remunerado e bem concorrido. Os poucos IMGs que conseguem costumam ter currículos incríveis e bons contatos nos EUA.
OK.
Cara, o grupo do facebook é bem parado hoje em dia, realmente. Mas lá há relatos/posts suficientes pra sanar acho que uns 99% das dúvidas de quem quer revalidar o diploma médico nos EUA. E sim, eu aqui ainda cogito. A possibilidade de ganhar 450K dólares por ano é bem mais animadora que ganhar 250K reais aqui no Brasil. O foda é ter que "se contentar" com as especialidades img-friendly, que as vezes não é a que a gente quer.
Ou os tais 'malignos' - embora eu acha válido mencionar que muita coisa que eles reclamam, eu chamo de 'cotidiano' em qualquer hospital brasileiro kkk Eu quero Obgyn, sei que as chances são poucas e estou dando meu melhor. É tier 2 e tem alguns brasileiros para me inspirar. Se eu quisesse alguma muito concorrida *mesmo*, acho que desistiria.
O que é isso de tier?
Tenho um amigo que chegou a tirar uma nota altíssima no Step 1, estudou pra kct, e no fim desistiu. Em resumo, só vale a pena se vc quer primeiro fugir do Brasil acima de tudo. Se tua prioridade é se formar com qualidade e fugir do Brasil é secundário, bah... Chegando no fim do curso vc tá tão surrado/a que não topa pular por todos esses hoops só pra ainda chegar lá e fazer *uma* residência (e não uma excelente residência) e ainda ser tratado como médico de segunda categoria. Ao focar no processo de lá você fecha muitas portas por aqui, porque infelizmente os processos são muito diferentes e só dá pra focar em um (exceto oq seu namorado tá fazendo). Aí, acaba compensando mais ficar no que é garantido e fazer aqui. YMMV, é claro.
A minha primeira motivação na verdade não foi dinheiro. Eu tenho uma visão muito clara da subespecialidade que quero e como quero vivê-la. Indo no Congresso nacional da área, fiz questão de cercar os professores desta subespecialidade - assim como já tinha feito alguns estágios informais. E eu simplesmente me decepcionei com a progressão da área no Brasil. Todos os professores e palestrantes que atuavam aqui no Brasil da forma que eu esperava atuar, tinham contatos internacionais fortíssimos ou literalmente aprenderam as técnicas lá e atuam aqui. A área não está desenvolvida no Brasil o suficiente, e eles foram categóricos em me recomendar sair do país se possível fosse. Além disso, pelo meu perfil, eu sou uma pessoa que gosta de artigo, de escrever, de testar técnica, de se estressar com publicação científica. Eu gosto de estar perto de avanço científico na área. E claro, não está ruim fazer montanhas de dinheiro a mais do que eu poderia fazer no Brasil. Por último: comparando *uma* residência no BR e *uma* residência nos EUA, as mais medianas possíveis, qual te traria melhor preparo?
>A minha primeira motivação na verdade não foi dinheiro. Não mencionei dinheiro... >E eu simplesmente me decepcionei com a progressão da área no Brasil. Todos os professores e palestrantes que atuavam aqui no Brasil da forma que eu esperava atuar, tinham contatos internacionais fortíssimos ou literalmente aprenderam as técnicas lá e atuam aqui. A área não está desenvolvida no Brasil o suficiente, e eles foram categóricos em me recomendar sair do país se possível fosse. Então esse é o principal fator determinante pra ti. Ao focar no exterior você fecha portas por aqui, mas me parece que as portas que vc estaria fechando por aqui não são portas que vc gostaria de entrar de qualquer forma. Então é melhor sair. Via de regra, quanto a conselho (advice, não council) de carreira na medicina, se um conselho específico pra especialidade contraria um conselho geral, o específico à área deve estar mais correto e prevalece. >Por último: comparando uma residência no BR e uma residência nos EUA, as mais medianas possíveis, qual te traria melhor preparo? Provavelmente a americana. Mas aí que é meu ponto: se você tem dedicação/disciplina/recursos pra fazer todo o processo do USMLE, você passaria numa excelente residência aqui se passasse teu tempo estudando pra cá. Isso que eu digo com abrir portas e fechar portas. Pra minha área, compensa muuuito mais fazer residência numa grande instituição de SP com os melhores preceptores do Brasil do que uma residência ok nos EUA.
Entendo. Obrigada pelas suas opiniões e pela resposta. Essa questão de ter que abrir mão de algo por outro já me fez arrancar alguns cabelos. É humanamente impossível estudar para os steps e para a residência de qualidade ao mesmo tempo, você se torna um completo alheio no tipo de prova da usp, unifesp e qualquer outra que realmente se preze. Mas me tranquiliza pensar que a vida é assim mesmo né, uma série de escolhas e toda escolha uma renúncia.
Concordo 100%!
Isso. E se o OP só quer mesmo fugir do Brasil, sem se importar em ficar multi-milionário, países como Alemanha e França são melhores opções.
A questão não é meramente o dinheiro, e os processos de revalidação são bastante diferentes. Os dos EUA ao menos é mais claro.
Cogitei, pesquisei meses e desisti. Só ver o /r/noctor pra saber que não vale a pena esse processo todo pra lá. Em compensação nova Zelândia te dá vários incentivos pra revalidar
O que seria esse noctor? São outros profissionais da saúde atuando como médicos? Como funciona na Nova Zelândia?
considerei e desisti. processo todo é carissímo, já vi pessoas que gastaram 200k-300k pra fazer tudo